quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

“Se Quiseres Cultivar a Paz, Preserva a Criação”

O Papa Bento XVI escolheu como tema para o 43º Dia Mundial da Paz: “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação”. E o Bispo referencial da Pastoral da Ecologia da CNBB Sul 3, Dom Irineu Wilges*, fez uma síntese da mensagem do Papa em sua coluna "Conversando com o Povo de Deus", edição número 467. Leia a seguir o texto de Dom Irineu.


Conversando com o povo de Deus (467)
Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação.


Eu estava determinado a começar a publicar os próximos “Conversandos” sobre a Visita ad Limina a Roma, realizada pelos bispos do RS e SC de 26/11 a 10/12/2009, quando recebo via correio a Mensagem do papa sobre a conexão da paz com o meio ambiente. Li o texto, que é 20 de páginas, sem interrupção e disse: “Eu vou mudar o meu projeto, Além disso, estamos ainda sob o impacto da Conferência de Copenhagen sobre o clima. Por isso, pretendo fazer uma síntese em três “Conversandos” sobre a Mensagem do Papa. Ei-la:

(1) Para este 43º Dia Mundial da Paz , dia 1º de janeiro de 2010, o Papa Bento XVI dirige a todos os homens de boa vontade uma Mensagem que tem como tema: “Se quiseres cultivar a paz, preserva a Criação”.
Escreve o Papa, o respeito pela criação é de grande importância porque a criação é o principio e fundamentos de todas as obras de Deus. E a sua salvaguarda toma-se hoje essencial para a convivência pacifica.
São numerosos os perigos que ameaçam a paz: a guerra, conflitos, terrorismo, violações dos direitos humanos mas, não menos preocupantes são os perigos que derivam do desleixo e dos abusos em relação a Criação. Por isso, é indispensável que se renove a aliança entre o ser humano e o ambiente.
(2) Na Encíclica Caritas in Veritate, diz o Papa, pus em realce que o desenvolvimento integral humano está intimamente ligado ao ambiente natural, dádiva de Deus para todos, cuja utilização comporta uma responsabilidade comum para com a humanidade inteira, especialmente os pobres e as gerações futuras.
Esta noção de responsabilidade atenua-se quando a natureza e sobretudo o ser humano é visto como simples fruto do acaso ou do determinismo evolutivo. Mas quando se vê a Criação como dádiva de Deus á humanidade a nossa responsabilidade aumenta. “Que é o homem para que dele vos ocupeis?” (Sl 8, 4-5). O sol e as estrelas então também nos falam do Criador.
(3) Há 20 anos atrás o Papa João Paulo II no dia mundial da paz dedicou a sua Mensagem ao tema: ” Paz com Deus Criador, paz com toda a criação”. Nele nos recordava: A paz mundial está ameaçada também pela falta de respeito à natureza. E acrescentava que esta consciência ecológica deve ser favorecida.
Paulo VI – em 1971 – sublinhava: por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza o homem corre o risco de destruí-la e destruir a si mesmo.
(4)De um lado a igreja evita de intervir em soluções técnicas especificas, de outro lado ela tem a convicção da necessidade de chamar vigorosamente a atenção para relação entre o Criador , o ser humano e a criação.
Em 1990 João Paulo II falava da crise ecológica, realçando o caráter prevalecentemente ético. É necessário uma nova solidariedade. Não se pode ficar indiferente diante do fenômeno das alterações climáticas, a desertificação, a perda da produtividade de vastas áreas agrícolas, a poluição dos rios, dos lençóis de água e a perda da biodiversidade, o aumento das calamidades naturais e o desflorestamento.
Como descurar os chamados prófugos ambientais? Como não reagir diante dos conflitos por causa do acesso aos recursos naturais.
Tudo isso, tem um profundo impacto sobre o direito á vida, á alimentação, á saúde ao desenvolvimento. (Continuaremos a nossa síntese no próximo Conversando)

*Dom Frei Irineu Sílvio Wilges, da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), é bispo na Diocese de Cachoeira do Sul e bispo referencial da Pastoral da Ecologia na CNBB Sul 3.

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