1. A 37ª
Romaria da Terra e o 9º Acampamento da Juventude é fruto de meses de trabalho nas
comunidades e movimentos, incentivados pelo nosso irmão e pastor, Dom Jaime,
arcebispo de Porto Alegre, arquidiocese que os acolheu, que conclamou a todos e
todas para, “inspirados no Evangelho e orientados pelas opções de Jesus pelos
menos favorecidos, os pobres e excluídos, participar de forma ativa nesta
manifestação de solidariedade para com tantos de nossos irmãos e irmãs que não
têm um pedaço de terra para viver dignamente. A Terra nos oferece o necessário
para o sustento; mas precisamos também aprender a dela cuidar para que todos
possam gozar daquilo que hoje se denomina vida saudável”.
2. E nos
dias do carnaval de 2014 (2 e 3 de março), 500 jovens do Rio Grande do Sul, da
Pastoral de Juventude, da juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra, do Levante Popular da Juventude, do Movimento de Trabalhadores
Desempregados, da juventude do Movimento dos Atingidos pelas Barragens, da
Pastoral da Juventude Rural, da Pastoral Popular Luterana e do movimento
“Juntos”, compromissados com os valores e as causas da Reforma Agrária, da
Cooperação e da Agroecologia como modo de organizar a vida e a defesa da
Mãe-Terra, estiveram reunidos no 9º Acampamento da Juventude, no Assentamento
da Lagoa dos Juncos, em Tapes.
3.
Acolhidos com entusiasmo pelos moradores do Assentamento e pelas equipes que já vieram antes para preparar o espaço para o Acampamento e a
Romaria, logo se integraram e, com muita energia e entusiasmo, com palavras de
ordem, canções diversas e muito debate, foram reafirmando a disposição de serem
sujeitos protagonistas de uma nova sociedade, justa, fraterna, socialista.
4.
Refletimos sobre a realidade, ouvimos os clamores que brotam das mais diversas situações de exploração e opressão, geradas
pelo sistema capitalista e procuramos compreender os desafios que nos são
colocados para aprofundar o processo de transformação para que haja vida digna
e abundante para todos e todas, assumindo os seguintes compromissos:
-
Denunciar o sistema capitalista como intrinsecamente perverso em seu DNA, pois
sua lógica de acumulação a qualquer preço, movido pela ganância, gera as
divisões sociais, exploração, opressões diversas, sofrimento e morte.
- Retomar
e aprofundar a defesa da Reforma Agrária, condição inclusive para avançar na
agroecologia e na agricultura de base camponesa.
-
Denunciar o agronegócio como um sistema que tem como lógica o lucro e se
sustenta na exploração do trabalho e dos recursos naturais, em contradição com
a agricultura camponesa.
- Defender
os diversos sistemas da biodiversidade e fortalecer a luta contra os
agrotóxicos, pois estes matam.
-
Impulsionar a produção e o consumo saudáveis, defendendo e praticando a
agroecologia, sem ter medo das mudanças.
- Resgatar
a política como a ação em favor do bem comum, essencial nos processos de
mudança da realidade, e como a mais alta forma de amor ao próximo.
- Investir
no fortalecimento do trabalho de base e na construção da mais ampla unidade
entre os explorados e excluídos.
- Lutar
pela igualdade de gênero.
-
Respeitar e considerar justa toda forma de AMOR.
- Defender
políticas públicas substantivas para a população trabalhadora, em especial para
a juventude e lutar contra a privatização dos serviços públicos.
-
Impulsionar um processo de trabalho de base permanente de formação sobre as políticas
públicas e o papel protagonista dos jovens e da população em geral na sua
efetivação.
- Educar e
mobilizar a juventude e a população trabalhadora para a participação das mesmas
nos espaços de construção das políticas públicas e do controle social do
Estado.
-
Comprometer-se com o Plebiscito popular por uma Constituinte Exclusiva e
Soberana pela Reforma do Sistema Político.
-
Impulsionar a participação das mulheres nos espaços de poder e decisão de nossa
sociedade.
-
Construir espaços de formação permanente sobre a questão de gênero, envolvendo
homens e mulheres, na perspectiva de superação de todas as formas de
patriarcalismo e machismo em todos os espaços da vida.
- Investir
em formas de comunicação para garantir um direito fundamental em qualquer
processo de construção da liberdade, o da informação, o que nos convoca ao
engajamento na luta pela democratização dos meios de comunicação.
-
Denunciar a FIFA e os processos da Copa como mecanismos de fortalecimento da lógica
dos grandes negócios, de violação direitos de muitas pessoas, em detrimento de
investimentos em áreas essenciais para a população, como habitação, saúde e
educação. (A Copa não é do Brasil e sim da FIFA”).
5. No dia
4, esse/as jovens juntaram-se aos milhares de Romeiros e Romeiras que vieram
de todos os rincões do Rio Grande e mesmo de vários outros estados para
celebrar a história de lutas dos povos da Terra por justiça, igualdade e
liberdade, com quem compartilharam e celebraram esses compromissos.
6.
Animados e encorajados por tantas testemunhas que doaram suas vidas por estas
causas em defesa dos pobres, no seguimento de Jesus de Nazaré, renovamos o
desejo de que os bons frutos desta Romaria da Terra possam repercutir bem na
vida de todas as nossas Comunidades de fé e de luta.
Tapes, 4
de março de 2014